Distrito 07

DISTRITO 7



"O Distrito 7 fornece madeira para a Capital, e os tributos desse distrito são conhecidos por ser bons com machados. É coberto de grandes áreas de floresta de pinheiros."


A poucos dias da Colheita, o ambiente no Distrito 7 estava bastante tenso. Haviam menos gente na rua, as pessoas falavam menos e pareciam nervosas. Porém, o trabalho continuava.

- Tá bom, TÁ BOM! Já disse que para a próxima não acontece. Já posso sair? - Nem precisei de resposta, abandonei a pequena sala de madeira wannabe-escritório logo e de seguida fechei a porta bem no segundo antes de o meu colega de trabalho conseguir passar.

Passei uma hora do meu precioso tempo ouvindo sermão do chefe só porque ameacei enfiar o meu colega na máquina de triturar papel. Era apenas uma ameaça. Ele achava mesmo que eu ia fazer isso!? Aliás, a culpa foi totalmente dele. Ele estava olhando demais para mim, estava se tornando constrangedor e não me deixava concentrar no trabalho.

- Aff, eu realmente não fui feita para passar o dia fechada numa fábrica... - murmuro. - Bem que me podia ter calhado um trabalho mais engraçado, sei lá. Qualquer coisa menos isto.

Não tardei em abandonar a fábrica. O ar estava quente, o chão coberto de agulhas de pinheiros cujo cheiro invadia o ar. Não faltavam muitos dias para a Colheita. Seria a minha última, finalmente... poderia tirar esse peso das minhas costas.

Fiquei um tempinho de pé em frente da fábrica, apenas apreciando a beleza do meu Distrito. O meu trabalho era uma merda e o meu Distrito um dos mais pobres, mas ao menos a vista era mais agradável que a média.

"Bem, é melhor eu aproveitar meu tempo antes que comece o turno da tarde", penso. Talvez irei dar um passeio na floresta para espairecer um pouco ou algo assim.

Iniciei então a minha caminhada. Ao passar perto do mercado, algo me chama a atenção: um garoto olhando para mim.
Ugh! Eu reconhecia aquele rapaz. Filhinho do prefeito. Garoto mais burro... só olhar para ele traz memórias terríveis em minha mente. Ergui a minha cabeça e lhe lancei um olhar de desprezo. Logo segui meu caminho, sem dizer uma palavra...

O garoto idiota havia acabado de estragar o meu plano de sair dali sem dizer o que quer que fosse. Grr! Eu não podia deixar ele se achar o maior assim, tinha que responder alguma coisa.

- Estou no intervalo, idiota! Eu tenho horários, não sou como você que só trabalha quando é mesmo preciso! - respondo, gritando. - E É EZRA! EZ-RA! NÃO ER-ZA, IRRA! Quantos anos você vai demorar para aprender isso!?

- Põe o 'd'!? - repito as palavras do garoto, rindo às gargalhadas. - Onde você vê um 'd' no meu nome, amigo!? Hahaha! Tadinho, só se se estiver referindo a outro tipo de 'D'... e esse não será o seu, te garanto. Se é que me entende, porque com essa cabeça...

Garotinho idiota me chamando de errada... hmph! Ele também se está tornando num 'errado' ao pronunciar o meu nome mal. Que sentido faz isso!?

- Pois, eu trabalho por necessidade! Não ando para aí vadiando como você. E o que eu gosto ou deixo de gostar não é da sua conta, mas pode deixar que não é de você de certeza!

- Não há um "d", porque eu fiz uma piada. - Será que você é tão lerda ao tentar entender isso? -Acho que sim, não é? - Ezlada! - De Lesada. Começo a rir, então. Essa garota me faz rir, aposto que ela deve estar puta da cara. O que é normal, ela já meia puta de nascença.

- HAHAHAHAHAHA!

- Vadiando? - Olha aqui, não sou igual você e as suas amigas, que ficando andando de ponto a ponto, tentando conquistar algum garoto! - Além do mais, eu cuido de você. Porque sua mãe está doente. Digo com uma seriedade

- Ahn? Meu Deeeeeus, essa piada foi tãão seca que até esqueci de rir. Pera. AHAHAHA! Pronto, muito melhor. - digo, com alguma ironia. - Ai, ai garoto... rindo das próprias piadas... que ridículo!

Preparava-me para sair quando o garoto continuou falando. Porra, esse menino não tem nada melhor para fazer!?

- Desculpa!? Amor, a última coisa que eu quero é conquistar algum garoto. Estou muuuito melhor sozinha! - algo no discurso dele me desperta a atenção. - Aff, o quê? Doente!? Como você sabe disso?

- Você é como uma viúva negra! Procura suas vitimas, após isso rouba tudo delas. - Só que você deveria matar, para ter esse potencial todo. - Ou você deixou o seu veneninho em casa? - UUUUUUH!

- Hum. - Agora você está curiosa? - Eu simplesmente não vou te dizer, afinal você é uma moça ocupada. - Vá aproveitar o seu intervalo, que eu tenho coisas melhores para fazer. - Até logo. Saio de lá, sem dizer nenhuma palavra, eu nem deveria ter falado aquilo, mas a mãe dela está bem mal.

- Se o deixei em casa? Por favor, até parece que você não me conhece! Eu tenho perfeita capacidade para matar se assim o desejasse. Mas ao contrário de CERTAS PESSOAS, tenho inteligência suficiente para não o fazer! - exclamo. - Sim, sou muito ocupada para perder tempo com pessoas sem conteúdo como você. Vai embora, vai! - grito para ele, enquanto ele se afastava. Finalmente o decidiu fazer. Eu tinha perfeita consciência do estado de saúde de minha mãe, mas o que quis ele dizer com estar cuidando de nós? Eu não iria permitir tal coisa...



 

Virei as costas,e continuei andando. Percebi que Ezra fez o mesmo, mas ela ficou comovida com as palavras, porque sabia que era verdade, a mãe dela não estava nada bem, a irmã dela mesmo me disse isso. Diferente da Ezra, Amelie era como uma dama, gentil e fina.  Certo dia ela me contou, pedindo ajuda... Só não entendi, o porque ela pediu a ajuda, eu mal falava com ela, mas era a época que eu namorei uma garota.

Chego em casa, dou os doces para meus irmãos, eles logo ficaram felizes. Minha mãe não costuma dar doces, diz que faz mal a saúde, mas mesmo assim eu dou, por que é bom.

- Tyler! - Sem doces! -Você sabe, querido.

- Mãe, são apenas doces.

- Sim, doces que fazem mal.

-Quem comprovou isso?

- Eu! - Agora vá levá-los para a escola.

- Claro. - Vamos garotos, vamos ir comendo mais doces. Começo a rir, minha mãe também não consegue resistir a tentação e também sorri.

Saio então de casa com os meus irmãos, em direção a escola.

Já não podia ver o garotinho burro na minha frente. Ainda bem que ele finalmente decidiu se ir embora.
E bem, quanto a mim... já estava ficando tarde e meu tempo livre estava acabando. Nem acredito que perdi meu intervalo todo falando com aquele garoto idiota! Argh. Segui caminho e voltei para o trabalho. Não estava com paciência nenhuma para aturar meu chefe agora...



 

A escola é algo tediante. Ainda bem que esse será o meu ultimo ano. Se bem que Amelie também estuda, Ezra não mais, por ter dezoito. Aquela criatura nem tem maturidade para ter dezoito anos... Tão estupida e enganadora sempre acaba usando alguém. Principalmente para as suas diversões.